segunda-feira, 15 de junho de 2009

Pesquisa da UFRJ quer transformar algas em combustível

Se tudo der certo, em 2013 o projeto sai do papel. Ainda há muito a ser feito para termos a que está sendo considerada, a terceira geração do álcool combustível.


Hoje é dia da nova coluna do Bom Dia Brasil sobre ciência e tecnologia. Do Arpoador, pertinho de Ipanema, Leblon, Márcio Gomes antecipa uma novidade. Uma pesquisa da Universidade Federal do Rio (UFRJ) usa um tipo de alga que não se encontra em qualquer lugar. Tem origem na Ásia, mas no Brasil é que se revelou a possibilidade de se extrair álcool combustível delas.


Nem dá tempo de se distrair com a paisagem. Estamos navegando nas águas de Itacuruçá, litoral sul do estado do Rio de Janeiro. Nosso destino não é uma praia. Estamos atrás de uma plantação: discreta, perto de um costão - dentro d’água, de algas. O que também pode surpreender alguns é a serventia dessas plantas.


As algas são as maiores produtoras de oxigênio do planeta. Ajudam a limpar as águas, por se alimentarem de matéria orgânica, esgoto. Acredite: com a Kappaphycus alvarezii, nós temos contato todos os dias.

O biólogo trabalha em uma empresa que cultiva a alga no Brasil. A Kappaphycus alvarezii já é conhecida e explorada há anos em diferentes pontos do mundo, especialmente na Ásia. Dela se extrai uma geléia, a carragena, que é utilizada em vários produtos: pasta de dente, presunto, shampoo e sorvete.

"No sorvete, ela impede a formação de cristais de gelo. A caragenana vai puxar essa umidade e impedir que ela congele dentro do sorvete mantendo aquela textura cremosa do sorvete", explica o biólogo.

No Brasil, até agora, só houve autorização de plantio entre a Baía de Sepetiba, no Rio, e Ilhabela, em São Paulo. O cultivo é fácil e rápido. Em 45 dias, a alga está no ponto da colheita. Feita no braço, trazendo a rede que as mantêm na superfície.

Você não sabia, mas já existe uma pesquisa para extrair da Kappaphycus alvarezii mais um produto.

A pesquisa do professor Maulori Cabral, da Universidade Federal do Rio, já dura dois anos. A alga chega bem diferente do que vimos no mar, depois de passar por um processo simples de secagem.

“A partir dessa alga seca, a primeira coisa é fazer a reidratação, com a lavagem para tirar sais. Ao lavar, você tem as algas que começam a ser reidratadas", mostra Maulori Cabral.

A fervura desse material é a próxima etapa - adicionando ácidos para "quebrar" a carragena, transformando-a em um líquido. Depois, nova mistura, agora com leveduras, células que fermentam e produzem álcool a partir de moléculas de açúcar.

Após 26 minutos, na estufa a 30ºC, em uma temperatura agradável, a quantidade de gás no tubo mostra que houve uma fermentação perfeita.

“Se tem gás na parte de cima, isso significa que o líquido tem uma mistura de água e etanol. Para ser utilizada como biocombustível, a misturua precisa ser destilada”, explica Maulori Cabral.

Segundo o professor Maulori, se tudo der certo, em 2013 o projeto sai do papel. Ainda é preciso aumentar a produção de algas, melhorar as técnicas, investir em novas pesquisas. Só assim, teremos a que está sendo considerada, a terceira geração do álcool combustível.

Ainda falta muito para isso se tornar realidade. Mas, segundo os pesquisadores, existem vantagens de se retirar álcool de alga, se comparado com o de cana: é possível uma produção bem maior na mesma área plantada e não ocupa terra, solo. Não é preciso usar água doce para irrigar. E ainda: a cana tem que ser colhida e moída rapidamente. Já a alga, depois de seca pode ser estocada, servindo para regular a safra.

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