Pesquisa da UFRJ quer transformar algas em combustível
Se tudo der certo, em 2013 o projeto sai do papel. Ainda há muito a ser feito para termos a que está sendo considerada, a terceira geração do álcool combustível.
Nem dá tempo de se distrair com a paisagem. Estamos navegando nas águas de Itacuruçá, litoral sul do estado do Rio de Janeiro. Nosso destino não é uma praia. Estamos atrás de uma plantação: discreta, perto de um costão - dentro d’água, de algas. O que também pode surpreender alguns é a serventia dessas plantas.
As algas são as maiores produtoras de oxigênio do planeta. Ajudam a limpar as águas, por se alimentarem de matéria orgânica, esgoto. Acredite: com a Kappaphycus alvarezii, nós temos contato todos os dias.
O biólogo trabalha em uma empresa que cultiva a alga no Brasil. A Kappaphycus alvarezii já é conhecida e explorada há anos em diferentes pontos do mundo, especialmente na Ásia. Dela se extrai uma geléia, a carragena, que é utilizada em vários produtos: pasta de dente, presunto, shampoo e sorvete.
"No sorvete, ela impede a formação de cristais de gelo. A caragenana vai puxar essa umidade e impedir que ela congele dentro do sorvete mantendo aquela textura cremosa do sorvete", explica o biólogo.
No Brasil, até agora, só houve autorização de plantio entre a Baía de Sepetiba, no Rio, e Ilhabela, em São Paulo. O cultivo é fácil e rápido. Em 45 dias, a alga está no ponto da colheita. Feita no braço, trazendo a rede que as mantêm na superfície.
Você não sabia, mas já existe uma pesquisa para extrair da Kappaphycus alvarezii mais um produto.
A pesquisa do professor Maulori Cabral, da Universidade Federal do Rio, já dura dois anos. A alga chega bem diferente do que vimos no mar, depois de passar por um processo simples de secagem.
“A partir dessa alga seca, a primeira coisa é fazer a reidratação, com a lavagem para tirar sais. Ao lavar, você tem as algas que começam a ser reidratadas", mostra Maulori Cabral.
A fervura desse material é a próxima etapa - adicionando ácidos para "quebrar" a carragena, transformando-a em um líquido. Depois, nova mistura, agora com leveduras, células que fermentam e produzem álcool a partir de moléculas de açúcar.
Após 26 minutos, na estufa a 30ºC, em uma temperatura agradável, a quantidade de gás no tubo mostra que houve uma fermentação perfeita.
“Se tem gás na parte de cima, isso significa que o líquido tem uma mistura de água e etanol. Para ser utilizada como biocombustível, a misturua precisa ser destilada”, explica Maulori Cabral.
Segundo o professor Maulori, se tudo der certo, em 2013 o projeto sai do papel. Ainda é preciso aumentar a produção de algas, melhorar as técnicas, investir em novas pesquisas. Só assim, teremos a que está sendo considerada, a terceira geração do álcool combustível.
Ainda falta muito para isso se tornar realidade. Mas, segundo os pesquisadores, existem vantagens de se retirar álcool de alga, se comparado com o de cana: é possível uma produção bem maior na mesma área plantada e não ocupa terra, solo. Não é preciso usar água doce para irrigar. E ainda: a cana tem que ser colhida e moída rapidamente. Já a alga, depois de seca pode ser estocada, servindo para regular a safra.
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