terça-feira, 13 de outubro de 2009

TERCIARIZAÇÃO E INFORMALIDADE


O mundo contemporâneo, inserido num contexto de difusão dos componentes do meio tecnocientífico-informacional, é palco de transformações criadoras de uma relação simbiôntica entre tecnologia, produção e trabalho. A distribuição setorial da população economicamente ativa nos países centrais e semiperiféricos manifesta-se, em meio a outros efeitos, como reflexo dessa simbiose entre os elementos aludidos.

Os incrementos tecnológicos da economia moderna caracterizam novas formas de produção onde se implementam máquinas e robôs no processo produtivo, tanto no setor primário, que cuida da produção de matérias-primas, quanto no setor secundário, que cuida da produção industrial. A mecanização das lavouras e criadouros responde pela liberação de um enorme contingente ocupado no setor primário. Substituída por tratores, máquinas de ordenha entre outros equipamentos, a mão-de-obra perde seus postos de trabalho sendo obrigada a buscar ocupação na indústria ou no setor terciário, que cuida do comércio e dos serviços em geral.

No entanto, o setor secundário também vivencia um processo de liberação de mão-de-obra associado à automação das atividades produtivas, com a introdução de robôs de alta precisão nas linhas de montagem. A indústria, que empregava um grande volume de trabalhadores portadores de baixa qualificação, agora demanda poucos operários e exige maior qualificação para a manipulação dessas máquinas complexas. Aos trabalhadores que perdem seus postos de trabalho, no campo e na indústria, resta o setor terciário como alternativa de sobrevivência. E é nesse contexto que se manifesta o processo de terciarização da economia.

As economias consideradas periféricas não participam ainda desse processo pois a maioria de sua população economicamente ativa (PEA) está ocupada no setor primário. Falo aqui de países como as “Repúblicas das Bananas”, na América Central, e países africanos em geral, exceto a África do Sul. Todavia as economias semiperiféricas e centrais estão totalmente inseridas nesse processo de terciarização, pois já experimentaram ou continuam a experimentar o processo de transferência setorial da PEA.

Estados Unidos, Canadá, Austrália, Grã-Bretanha, França, Bélgica e economias semelhantes formam um conjunto de países centrais onde o setor terciário já emprega mais de 70% da PEA. Alemanha e Japão, que ainda guardam mais empregos na indústria, já possuem mais de 60% da PEA no terciário. Estes espaços configuram “Economias pós-industriais”. E mesmo com essa alta concentração o nível de desemprego não é muito alto, embora haja desempregados, elemento essencial para a sobrevivência do capitalismo.

Isso se justifica pelo fato de a população possuir maior poder aquisitivo, o que alimenta a multiplicação dos serviços nesses países. As bolsas de valores, engenharia genética, laboratórios de pesquisas, empregam muitas pessoas. Serviços extremamente supérfluos geram renda para muita gente. Explico. Uma das novas manias do Central Park, em Nova Iorque, é a prática de Yoga para cães. Alguém ganha dinheiro dando aulas de Yoga para Cães! Investigando o assunto descobri que psicólogos (?) fazem terapia em animais... Esses são serviços que não encontram espaço nos mercados dos países semiperiféricos.

Brasil, Argentina, México, África do Sul e outras economias similares formam um conjunto de países onde mais de 50% da mão-de-obra está ocupada no setor terciário. No entanto, o poder aquisitivo bem mais restrito nesses países, gera uma demanda menor por serviços fazendo com que haja menor oferta de empregos neste setor, que se apresenta, portanto, hipertrofiado. Com o setor terciário formal inchado, resta a opção da informalidade para a produção da subsistência da população.

Em 1979, o geógrafo brasileiro Milton Santos, tido por muitos como “Filósofo da Geografia” pela profundidade das suas idéias, lança o livro “O Espaço Dividido: os dois circuitos da economia urbana dos países subdesenvolvidos”. Esta obra, rapidamente, se tornou um clássico da geografia mundial. Nela, Milton apresenta uma análise onde a engrenagem da economia urbana dos países subdesenvolvidos caracteriza-se por ser dotada de um circuito superior, de caráter formal, e um circuito inferior, de caráter informal, que reflete esse quadro de hipertrofia do terciário. É notável a expansão do setor terciário informal, esse circuito inferior da economia urbana, nos países semiperiféricos.

O Brasil serve como exemplo clássico desse processo. As grandes metrópoles, superlotadas, concentram um enorme contingente de mão-de-obra disponível e o excesso engrossa as fileiras de ambulantes e biscateiros de todos os tipos. Cada um faz o que sabe ou o que pode fazer. Quem tem conhecimentos de mecânica, conserta carros. Quem tem habilidades com manutenção, trabalha em obras, mexe com hidráulica, eletricidade, gás... Quem não sabe fazer esses serviços, vende o que aparecer pela frente. Água, cerveja, biscoito, pipoca, chocolates, balas. Vi, certa vez, um sujeito vender Novalgina no trem, em meio a dezenas de produtos. Multiplicam-se os camelôs nas ruas e nos meios de transporte. Manifestações artísticas nos sinais, desde os meninos equilibrando limões até os mais elaborados manuseios de malabares em chamas, também entram como modo informal de obtenção de renda.

Minha reflexão final é inspirada em Milton, que em sua obra “Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal”, entre outras abordagens, escancara “o mundo como é: a globalização como perversidade”. “(...) O desemprego crescente torna-se crônico. A pobreza aumenta e as classes médias perdem em qualidade de vida. O salário médio tende a baixar. A fome e o desabrigo se generalizam em todos os continentes. Novas enfermidades como a SIDA se instalam e velhas doenças, supostamente extirpadas, fazem seu retorno triunfal. A mortalidade infantil permanece, a despeito dos progressos médicos e da informação. A educação de qualidade é cada vez mais inacessível. Alastram-se e aprofundam-se males espirituais e morais, como os egoísmos, os cinismos, a corrupção. A perversidade sistêmica que está na raiz dessa evolução negativa da humanidade tem relação com a adesão desenfreada aos comportamentos competitivos que atualmente caracterizam as ações hegemônicas. Todas essas mazelas são direta ou indiretamente imputáveis ao presente processo de globalização“.

Um abraço solidário!

Referências: Santos, Milton; Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro. Record. 2001.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Globalização e Desigualdade


“Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir.” George Owell


Diante de tanta tecnologia, facilidade e conforto os quais nos oferecem, classe privilegiada, desigualdade é um aspecto da globalização que poucos querem ouvir. Muitos preferem vedar seus olhos e, num faz-de-conta pitoresco, imaginar que ela só traz benefícios à humanidade. Nietzsche indagava: “Quanta verdade consegues suportar?” É mais fácil desconsiderar o grande dilema deste processo: ao mesmo tempo em que dá, ela nos tira. Ao mesmo tempo em que a poucos de nós oferece comodidade, priva a maioria dos homens do direito à liberdade e autonomia.

Se outrora presenciamos desigualdades advindas de explorações coloniais, escravidão, patriarcalismo, hoje nos tornamos fantoches de uma hierarquia globalizante extremamente injusta e exclusiva. Em tempo não tão remoto, vivemos em época de apartheid e uma espécie de “neoescravidão” comum nas plantations. Isto não significa, contudo, que tais práticas estão extintas. Apenas se transfiguraram e se adaptaram à espiral globacional.

Atualmente, a desigualdade deixou de ser meramente local e estendeu seu âmbito de atuação às relações entre países. O mundo subdesenvolvido, hoje, é encarado como subterfúgio para os problemas socioeconômicos das nações globalizantes. Na América Latina, por exemplo, a desigualdade extraordinária se faz presente entre os 30% mais pobres, que recebem (relativamente) menos do que seus pares na África ou em qualquer outro lugar, de acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Em uma perspectiva ainda mais geral, a desigualdade econômica medida em termos de PIB per capita internacional tem aumentado quase constantemente nos últimos 200 anos. Pelo visto, o entrelaçamento global tem sido mais frouxo para um dos lados. Os fenômenos de multiculturalismo provocaram segmentação; os de tecnologia, exclusão. Se em épocas de Revolução Industrial, no século XVIII, foi necessária a aprendizagem do manuseio das máquinas, hoje é de extrema importância a qualificação no tocante aos meios de comunicação, informática, línguas, Internet e o conhecimento em geral.

Agora, não menos importante do que “ter” é “saber” - o conhecimento e sua aquisição passam a ser foco de uma corrida tecnológica que se aprimora constantemente, redimensionando-se em ritmo alucinante. Defensores da “Sociedade da Informação” afirmam que ela ofereceria possibilidade de maior democratização das relações socioeconômicas e intersociais. Contudo, vemo-nos diante de um inquietante paradoxo: Como sustentar igualitariamente uma sociedade em que a informação e o conhecimento são privilégios concedidos à minoria?

Ademais, a questão do acesso à educação contraria os interesses de muitos que detém o poder. Logicamente, é mais fácil manipular e controlar uma sociedade leiga e desinformada. Segundo Göran Therborn, a globalização e a desigualdade são duas encruzilhadas das ciências e filosofias sociais – de fato, podemos comprovar tal afirmação se observarmos o cenário geopolítico e o paradigma da pós-modernidade.

Seria a globalização a grande culpada deste abismo social? É notável que a difusão do conhecimento médico e agrícola aponta para uma diretriz equalizadora; as outras faces dela, entretanto, nos direcionam a um precipício e põem poucos em um pedestal.

Todavia, a globalização não é a fonte de todos os males – a ela não podemos atribuir culpa por disfunções estruturais e conjunturais decorrentes de políticas nacionais mal desenhadas ou de escolhas equivocadas por parte do povo e de seus governantes. As desigualdades são frutos híbridos de muitos fatores holísticos – a globalização é, por mais que contribua exponencialmente, apenas mais um deles.
A tão famosaa Globalização




Globalização Excludente - Desigualdade, exclusão e democracia na nova ordem mundial
Ref. 227 - Categoria Ciências Políticas


Renomados intelectuais críticos discutem os efeitos não só economica, mas também políticos, culturais e sociais da globalização, apresentando alternativas. Analisam igualmente as conseqüências socialmente desiguais dos atuais processos de reestruturação capitalista e a necessidade premente de sua superação.

Editora: Vozes
Autor(es): vários autores, Pablo Gentili (org.)
256 páginas
4ª edição (2002)
Assunto: Sociologia
Coleção: A Outra Margem
Peso 288 g


Câmara aprova Estatuto da Igualdade Racial

Para votar o estatuto, os líderes dos partidos fecharam um acordo: a maioria dos pontos polêmicos que estava no texto foi retirada ou modificada.

Foi aprovado nesta quarta-feira na Câmara dos Deputados o Estatuto da Igualdade Racial. Houve acordo para a votação e foram retirados pontos polêmicos do projeto. Foram seis anos de discussão.

Para votar o estatuto, os líderes dos partidos fecharam um acordo. A maioria dos pontos polêmicos que estava no texto foi retirada ou modificada.

Não será mais obrigatória a identificação dos estudantes de acordo com a raça, no censo escolar. Saiu do texto a regra que daria preferência em licitações públicas a empresas que promovessem ações de igualdade racial;

Caiu o item que obrigaria emissoras de televisão a reservar uma cota para atores e figurantes negros; e também foi retirada do estatuto a criação de cotas para negros nas universidades.

O texto fala apenas que o governo deve adotar programas que garantam o acesso dessa população ao ensino superior.

Deputados que eram favoráveis ao texto original, lamentaram as mudanças. Mas consideram a aprovação um avanço.

“Muita coisa naturalmente ficou de fora dos nossos anseios e da população negra do nosso país. Mas conquistamos uma boa parte do que queríamos”, disse Evandro Milhomen.

O estatuto traz orientações para o governo sobre como tratar os negros no Brasil. O texto permite que sejam dados incentivos fiscais a empresas que tenham, no mínimo, 20% de funcionários negros. E ainda cria cotas em partidos políticos, 10% das vagas vão ser reservadas para os negros.

O estatuto prevê também que o governo adote medidas para assegurar igualdade de oportunidades para a população negra no mercado de trabalho, inclusive nas contratações do setor público.

“Viemos aqui favoravelmente votaremos favorável ao texto porque deixou de ser um texto que divide a sociedade. Passou a ser texto que dá oportunidades diferenciadas de crescimento”, disse o deputado Índio da Costa (DEM-RJ).

Pelo acordo feito entre os partidos, o texto não vai precisar passar pelo plenário da Câmara. Mas terá que voltar para o Senado por causa das modificações.




Senado vota novas regras para as eleições
O texto principal foi aprovado, mas recebeu 84 emendas, que ainda serão votadas.



O Senado votou, na noite desta quarta-feira, as novas regras para as eleições. Mas não há acordo sobre os pontos mais polêmicos.

Havia acordo para votar o quanto antes o projeto que altera a lei eleitoral. Entre as principais mudanças estão: nos quatro meses anteriores às eleições, o candidato fica proibido de participar de ato de assinatura, lançamento ou inauguração de obras públicas. No ano da eleição, o governo fica proibido de criar ou ampliar programas sociais, mas é permitido o reajuste de benefícios, como o Bolsa Família.

Os senadores flexibilizaram a regra para os debates. Emissoras de rádio e TV não são mais obrigadas a convidar todos os candidatos. Poderão chamar apenas os candidatos de partidos que elegeram pelo menos dez deputados federais.

“O debate vai ser ágil, forte, tranquilo e atraente tanto para a emissora de rádio e TV quanto para o eleitor”, declarou o senador Demóstenes Torres.

O projeto estabelece regras para a campanha eleitoral na internet. Fica permitida a propaganda paga só para candidatos à presidência da República, em sites de notícias.

As empresas de comunicação na internet e páginas próprias de provedores ficam proibidas de fazer campanha ou propaganda eleitoral de graça, e não poderão usar imagens de pesquisas oficiais ou informais com entrevistas de eleitores.

Já os blogs, devidamente assinados pelos autores, páginas pessoais como Orkut, ou de mensagens instantâneas como Twitter e correios eletrônicos ficam liberados para a campanha.

Os jornais impressos continuam sendo reproduzidos na internet integralmente como é hoje. Assegurada a liberdade de expressão nas colunas de opinião e também o direito de resposta.

O líder do PT defendeu a liberação total da internet: “é um poderoso instrumento tanto de campanha quanto de arrecadação de recursos e, por isso, que a liberdade absoluta na internet contribuiria muito para que ela cumpra esse papel também no Brasil”, afirmou Mercadante.

O texto principal foi aprovado, mas recebeu 84 emendas, que ainda serão votadas. Entre elas, a que propõe a liberação total da campanha na internet e a que acaba com o limite para participação em debates.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

GRITOS NO SENADO

Um homem passa pela porta do plenário do Senado e escuta uma gritaria que saia de dentro:

“Filho da P***, Ladrão, Salafrário, Corrupto, Falsário, Oportunista, Chantagista, Assassino, Traficante, Mentiroso, Vagabundo, Sem Vergonha, Trambiqueiro, Preguiçoso de Mer**, Vendido, Assaltante.. .”

Assustado o homem pergunta ao segurança parado na porta:

“O que está acontecendo ai dentro? Estão brigando?”

“Não” - responde o segurança:

- “Estão fazendo a chamada."... .

DIGA NÃO À CONSTRUÇÃO DA TERMOLÉTRICA DE SAPEAÇÚ

Está em construção, na cidade de Sapeaçu, uma termoelétrica movida a óleo pesado. O professor Sivanildo, PHD em Química pela USP, denunciou o fato de que o combustível utilizado pela termoelétrica em questão seria um produto altamente poluidor. Segundo Sivanildo, toda a região do recôncavo, num raio de oitenta quilômetros, está ameaçada.
Imaginem cidades como Cruz das Almas, Sapeaçu, Governador Mangabeira, Muritiba, Castro Alves, Dom Macedo Costa, Conceição do Almeida, São Felipe e muitas outras, que sobrevivem das atividades agropecuárias, terão um solo poluído, produtos contaminados. Quem irá comprar os produtos dessa região? Como essas pessoas sobreviverão? Como ficará a feira-livre dessas cidades?
Cidades que nem possuem centros industriais, num futuro muito próximo, terão a presença de chuva ácida, fenômeno existente apenas em áreas extremamente poluídas.
Sem falar nos graves problemas de saúde que a população dessas cidades irá apresentar em índices elevados, como o Câncer.
Eles dizem que essa usina vai gerar energia para a nossa região. Pura mentira: essa usina irá gerar energia para o sul e sudeste, mas por que ela veio se instalar na cidade de Sapeaçu? Pensem nisso!
Eles dizem que a termoelétrica vai gerar empregos. Pura mentira: quando estiver em funcionamento esta usina terá menos de 30 funcionários, vindos de outros estados.
Tudo isso só irá acontecer se a população do Recôncavo permitir a implantação dessa usina.
Por isso procure ajudar de alguma forma. Divulgue, vá para as manifestações. Não é só a população de Sapeaçu que vai sofrer as conseqüências negativas dessa usina.
O povo de Sapeaçu e o povo do Recôncavo Baiano PEDE SOCORRO!