Rio de Janeiro vive experiência bem-sucedida do policiamento pacificador
A polícia expulsa traficantes de drogas, ocupa o morro e devolve aos moradores a esperança de uma vida em paz. É uma política de segurança que precisa ser de longo prazo.
Ao longo dos anos, o mundo assistiu a diferentes formas de enfrentar o tráfico e tudo o que vem com esse tipo de crime. Duros enfrentamentos com as forças de segurança, com mortes dos dois lados ou a liberação total da droga, numa tentativa de enfraquecer os cartéis.
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No Rio de Janeiro, onde a população fica frequentemente no meio do fogo cruzado entre polícia e traficantes, uma nova palavra de ordem está surgindo: o Policiamento Pacificador.
O Morro da Babilônia é uma das comunidades mais antigas e tradicionais do Rio de Janeiro que é vizinha à do Chapéu-Mangueira. É uma área nobre do Rio. São duas comunidades que ficam em um ponto privilegiado, bem em frente à Praia do Leme, na Zona Sul do Rio, uma área muito procurada por turistas.
É um bairro vizinho a Copacabana e uma área também muito habitada. Só nessas duas comunidades vivem sete mil pessoas que agora estão livres do tráfico de drogas. Os traficantes foram expulsos. Os dois morros estão ocupados pela polícia, e uma nova experiência de policiamento.
O repórter Vandrey Pereira esteve na área no fim de semana conversando com os moradores sobre esse novo modelo de atuaçãod a polícia.
Brincar na praça. a dona de casa Marluce de Mesquita conta que agora dá mais liberdade aos filhos. É uma nova fase, principalmente para Isa, de 4 meses.
“Subir e descer numa boa, ficar subindo com medo, descendo com medo, saindo de casa com medo. Que essa nova fase cresça junto com ela”, aposta Marluce.
Foi o primeiro fim de semana, desde a implantação da Unidade de Polícia Pacificadora, nos morros da Babilônia e do Chapéu-Mangueira, no Leme, na Zona Sul do Rio. A base da PM é quarta deste tipo na cidade.
O programa já existe na favela Santa Marta, também na Zona Sul, e no Jardim Batam e na Cidade de Deus, ambas na Zona Oeste. Em todas elas, traficantes foram expulsos. Desde então, policiais atuam de forma permanente dentro das comunidades. O efetivo total é de 460 homens. A meta é chegar a quase quatro mil até o fim de 2010, ampliar o número de áreas ocupadas e mudar a relação entre policiais e moradores.
“Em um primeiro momento, a questão é ganhar a confiança da comunidade, com uma integração maior. Temos que ver quais são as demandas das famílias, a relação da policia com a comunidade e aproximar essa relação”, aponta o Capitão Felipe Magalhães, da Policial Militar.
As maiores mudanças serão percebidas ao longo do tempo. O futuro de crianças e jovens promete ser melhor. Sem se preocupar tanto com a violência, o olhar dos moradores se volta agora para a busca de oportunidades, já que as portas estão abertas de vez para os projetos sociais.
O Estado acaba de levar internet gratuita para as comunidades. Mas a presidente da Associação de Moradores, Maria Helena Rodrigues e Souza, mostra que até então, creche, posto de saúde e oficina de artes só existiam por iniciativa da própria comunidade.
“Espero muito que os realmente órgãos públicos subam mesmo. Não adianta só fazer a ocupação policial, a ocupação policial vindo com os projetos sociais”, ressalta a presidente da Associação de moradores do Chapéu-Mangueira.
Na maioria das vezes, são moradores organizados que conseguem buscar o que falta. É o caso de da ONG Comitê de Democratização da Informática, criada há sete anos.
“Isso é muito importante, para que esse suporte não fique só restrito ao policiamento dessas áreas, mas que contagie a comunidade e a sociedade como um todo. Essas parcerias é que vão garantir esse desenvolvimento positivo para essas comunidades, a médio e longo prazo”, explica o presidente do Comitê Democratização da Informática, Rodrigo Baggio.
Eu mudei quando já tinha 20 anos. E eles têm a oportunidade com a idade deles. Se com 4 anos, eles já começarem a ter outra perspectiva de vida”, afirma a moradora e coordenadora de ONG Nívea Mendes.
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